Marcus Henrique Wächter
Falhamos nas ações de prevenção e vigilância nas casas de longa permanência, nas indústrias e nos Hospitais.
“Estamos aqui por você. Fique em casa por nós”.
Esta é uma das frases mais citadas nos meios de comunicação e nas unidades de saúde desde o início da pandemia.
Em um bombástico e atrapalhado estudo conduzido pelo Imperial College London, que é uma das principais universidades do Reino Unido, propagou-se no mundo a previsão de uma catástrofe.
Com as previsões iniciais da renomada Universidade, Governadores e Prefeitos pegaram carona na nave do medo, contaminando com este sentimento grande parte da população e profissionais da saúde.
Com a revisão dos números e análise dos desfechos clínicos, sabemos que a prática do isolamento horizontal é questionável e que medidas de higiene, distanciamento social e autocuidado surtiriam iguais ou melhores efeitos em termos de saúde pública.
Infelizmente o saudável debate acerca da melhor estratégia para combater a pandemia se perdeu entre aqueles que queriam buscar a melhor resposta para o enfrentamento do Covid-19 e outros que estavam em busca de maior visibilidade e poder (e alguma forma de ganhar dinheiro com a desgraça).
Neste momento não entraremos na análise dos efeitos colaterais de tais práticas no bem estar da população, na economia e na sustentabilidade.
Com o surgimento de uma doença desconhecida, sem tratamento definido e sem vacina, a única forma de melhorar o enfrentamento na atenção preventiva e curativa vem se dando através da observação, tentativa e erro e troca de informações com aqueles que viveram a pandemia primeiro.
Com a decretação da sentença “fique em casa”, acabou ficando em casa a descontinuidade de tratamentos, dentre os quais destacamos aqueles da área da oncologia, cardiopatias e outras doenças crônicas, cujas consequências ainda hão de vir.
Neste cenário é que rebrota a importância da atenção básica na saúde e bem estar da população. Com o advento da nova doença e suas incertezas, muitos não souberam identificar os sintomas do Covid-19, adotando por vezes conduta extremada, buscando assistência ao menor sintoma de gripe, ou no lado oposto, não buscando ajuda quando muitas vezes, sem perceber, a saturação de oxigênio já estava abaixo dos 90%.
Com uma adequada cobertura e capilaridade das equipes de atenção básica à saúde e ação proativa nos domicílios e escolas, informando, atuando preventivamente e educando quanto aos necessários cuidados com as doenças pré-existentes e o novo covid-19, e no tempo certo orientando quanto ao fluxo de atendimento dentro da rede de atenção, a resposta em termos de saúde pública teria sido melhor.
Falhamos nas ações de prevenção e vigilância nas casas de longa permanência, nas indústrias e nos Hospitais.
Ainda temos muito a enfrentar dentro desta pandemia e ainda mais a aprender.
Estar bem preparado, aprender com as experiências e promover melhorias contínuas nos levam um passo à frente. Um passo de cada vez.
Com Fé em Deus, confiança na humanidade e ação acolhedora iremos passar este momento, tenho certeza.
Marcus Henrique Wächter
Administrador Hospitalar
A experiência profissional e a formação acadêmica do autor deste artigo, traz em poucas e sábias palavras uma análise que infelizmente não vemos propagada nas mídias. Palavras como aprender, prevenir, educar e melhorar continuamente deveriam estar em todos os locais e não apenas fechar, prender, matar e ensaiar saídas que na prática tem mostrado que existe de fato muita política nessa questão e que infelizmente não e a política certa que seria a política de saúde e ação correta atacando a base do problema, diagnosticar e prevenir. Parabéns meu amigo