Mesmo conhecendo todas as dificuldades, a pergunta dos participantes não pode ficar sem resposta. Compartilho, então, o que aprendi na vida: num pântano, é preciso saber andar em cima das pedras, vestindo roupa branca, sem se sujar.
Essa força interna de cada um para escolher o que é certo, independentemente do ambiente em que se está inserido, é o mais importante, mas é óbvio que isso não basta. As instituições devem implementar sistemas que auxiliem na identificação e, também, ter políticas claras, que desestimulem as ocorrências, além de um plano de ação ostensivo para antecipar situações de risco, corrigir e, principalmente, punir os desvios.
Precisamos criar um ambiente em que as pessoas se sintam observadas e avaliadas, onde tudo possa ser medido, não só a produtividade, mas também a qualidade da assistência, o que cada profissional faz e a implementação de mecanismos focados nos códigos de ética, entre outros itens.
Eu ainda me arrisco a dizer que, apesar de vergonhoso, os últimos acontecimentos envolvendo a falta de ética e transparência no mercado tiveram o benefício de trazer à tona um assunto que há muito tempo prejudica o setor e, principalmente, incomoda aqueles que querem trilhar o caminho da honestidade.
Temos acompanhado várias movimentações no setor, com o intuito de inibir essas práticas ilícitas na saúde e, recentemente vi algumas notícias que conduzem a um desdobramento dessa dita “máfia das próteses”. O tema não é mais tabu e as instituições estão percebendo a necessidade de estabelecer relações comerciais e profissionais mais éticas, pois só assim será possível melhorar a eficiência e a equidade do sistema de saúde. O momento político vivido no país também contribui para que o debate sobre ética e corrupção esteja mais presente no meio empresarial.
Vai dar certo? Alguma coisa vai mudar?
Encerro esse texto com a certeza de que a resposta para esta pergunta é sim, já estamos mudando. Pode ser que demore cinco, dez, 20 anos, mas o que me faz otimista, é que felizmente há mais profissionais honestos, com vontade de contribuir para uma saúde melhor, do que profissionais corrompidos pelo sistema.
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