A Unimed de Jaboticabal virou referência em redução de cesáreas no país. As cesarianas, que representavam 99,3% dos partos realizados na unidade até outubro de 2012, despencaram para 50% em maio de 2013.
Qual foi a estratégia da Unimed para ampliar para 50% a taxa de partos naturais na unidade de Jaboticabal? A primeira delas foi acabar com o pré-agendamento de cesáreas. Para realizar uma cesárea, a grávida precisa de indicação médica. As que não têm indicação para cesárea, mas mesmo assim quererm a cirurgia, precisam ao menos entrar em trabalho de parto.
“Não é que a cesárea seja proibida. Respeitamos a vontade da mulher. O que não pode é a cesárea eletiva realizada antes da 39ª semana de gestação. E a grávida tem de ter entrado em trabalho de parto”, diz o coordenador hospitalar da Unimed de Jaboticabal, Jeyner Valério Júnior.
Outra grande mudança se dá no atendimento pré-natal da gestante. Até a 36ª semana de gravidez ela é atendida pelo obstetra do plano. A partir daí, ela passa a ser atendida pela equipe do hospital em que terá o bebê. O objetivo é fazer com que a grávida conheça os plantonistas do hospital e se sinta segura para ter seu parto normal.
Esse atendimento com a equipe hospitalar será feito a partir da 34ª semana de gestação a partir de fevereiro, segundo o coordenador médico.
Nesse modelo, o obstetra do consultório não é necessariamente o mesmo que realizará o parto da paciente.
Para incentivar a equipe médica, Jeyner diz que a forma de pagamento também foi alterada. Em vez de receberem por parto, os médicos ganham por plantão. Segundo ele, a mudança elevou os ganhos dos profissionais.
Para dar certo, Jeyner afirma que também houve mudanças na equipe do hospital, que passou a contar com equipes completas de plantão 24 horas por dia. Para isso, foi preciso ampliar a equipe de profissionais do hospital.
EXPANSÃO
Lajyárea Barros Duarte, consultora do Sescoop-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo), diz que a redução das cesáreas passa pela mudança do foco. “Deixa de ser a mãe, o medo da dor do parto da mãe, e passa a ser o bebê, o que e melhor para a saúde do bebê.”
Ela participou da implantação do projeto Melhor Parto em Jaboticabal, que agora também foi levado para as unidades da Unimed de Itapetininga (SP), Americana (SP) e Belo Horizonte (MG) e, em breve, para Vitória (ES).
Para Lajyárea, a massificação do parto normal no país depende também de uma mudança cultural. “Esse é um assunto que precisa ser discutido pela família, nas escolas, pela igreja, e pelos jovens. Essa geração que está vindo já tem de discutir o tema.”
Fonte: www.folha.com.br