Começará a funcionar, nesta quarta-feira (28), o centro que vai coordenar as ações nacionais de saúde para a Copa do Mundo, com sede no Ministério da Saúde, em Brasília.
Até 23 de julho, caberá ao CIOCS (Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde no Governo Federal) reunir informações sobre a circulação de doenças –como o sarampo e a dengue–, coordenar o atendimento em caso de grandes urgências, acionar a Força Nacional do SUS caso necessário, gerir laboratórios e outras estruturas, cuidar da vigilância sanitária nos pontos de entrada no país e realizar ações de prevenção a doenças –como a distribuição de preservativos em hotéis.
O CIOCS funcionará numa sala na sobreloja do ministério. As equipes que trabalharão nessa sala receberão informações, de tempos em tempos, sobre eventuais problemas de saúde registrados dentro dos estádios durante todos os jogos.
Em cada uma das 12 cidades-sede da Copa haverá um centro semelhante, que coordenará as ações regionais e fará contato com o centro nacional em caso de emergências.
O ministro Arthur Chioro (Saúde) afirmou que o país está pronto para responder a emergências, que variam de acidentes de trânsito a acidentes nucleares e biológicos. “Tenho a convicção de que chegamos preparados e que demos passos consistentes para ter um sistema de saúde integrado entre União, Estados e municípios”, disse o ministro durante coletiva nesta terça-feira (27).
Se necessário, o governo federal pode montar nove postos médicos provisórios, com profissionais da Força Nacional do SUS –10 mil profissionais foram capacitados para situações de desastre. Chioro ressaltou, ainda, a estrutura fixa disponível nas cidades-sede: 531 unidades do Samu (incluindo ambulâncias), 66 unidades de pronto-atendimento 24 horas, 71 hospitais de referência do SUS e 30 equipes da Força Nacional do SUS.
O período crítico engloba os dois primeiros jogos, afirma Chioro, até que a estrutura organizada esteja “azeitada” e as responsabilidades bem compreendidas. Segundo ele, no entanto, a experiência nacional e internacional aponta para poucos casos de internações e atendimentos.
“A experiência internacional demonstra que apenas 1% a 2% do público dos jogos necessita de algum tipo de atendimento. E 99,5% a 99,8% são atendidos na própria arena, são pequenos problemas de saúde. A necessidade de deslocamento para algum serviço de saúde de referência ocorre em 0,2% a 0,5% dos casos”, disse o ministro.
Na Copa das Confederações, afirma o ministério, frente a um público de 796 mil pessoas, apenas 1.361 atendimentos foram feitos em seis estádios, com somente 35 casos de remoção para hospitais.
Além disso, o atendimento dentro das arenas e num raio de 2 km dos estádios é prestado pelo serviço médico sob responsabilidade da Fifa, explica a pasta.
APLICATIVO PARA A SAÚDE
O Ministério da Saúde informou que, além da montagem dos centros de monitoramento, outras ações foram adotadas na área da saúde, como a categorização dos restaurantes conforme a limpeza (estratégia adotada pela vigilâncias sanitárias regionais, em que atribuíram letras aos restaurantes, a depender das condições de higiene encontradas).
Outra estratégia, elencada pelo ministério, será o reforço na distribuição de preservativos, sobretudo para hotéis, e a instalação de postos para a realização de testes rápidos de HIV nas 12 cidades-sede. “Nossa meta é zero novas infecções por HIV”, disse Chioro.
Um aplicativo para smartphones e tablets chamado “Saúde na Copa” foi lançado pelo governo em português, inglês e espanhol, com informações básicas de doenças e sintomas, e com hospitais e farmácias mais próximas do local onde a pessoa está.
Nele, a pessoa inscreve informações sobre seu próprio estado de saúde, o que vai permitir ao governo monitorar tendências de doenças que podem estar circulando pelas cidades.
DENGUE
O ministério voltou a afirmar que a dengue não será um problema durante a Copa, já que a transmissão está em queda nas cidades onde a dengue circulou este ano.
“Na cidade de São Paulo, tivemos 4.031 casos [de dengue até 21 de maio de 2013] e 32.344 este ano. A transmissão mais importante no Estado de São Paulo ocorreu de 13 a 19 de abril, a partir daí é queda. Pelas características da dengue, ela sobe como um foguete e cai como uma pessoa sem paraquedas. Desde a semana 15, a redução em São Paulo já é de 82% no número de casos [em relação à semana do pico]. Nas próximas duas semanas, vamos chegar a praticamente 99% de redução em relação à semana no pico”, afirmou Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério.
Segundo o ministério, Recife, Fortaleza e Natal tiveram transmissões muito baixas este ano, e Salvador, onde a transmissão foi um pouco maior, não deve mais registrar casos em número significativo até o início da Copa.
Barbosa citou um estudo feito pela USP que faz uma estimativa de que apenas 39 casos de dengue ocorreriam nos meses de junho e julho nas 12 cidades-sede da Copa, frente a um público estimado de 600 mil pessoas.
Fonte: www.folha.com.br JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA