Falhas assistenciais, burocracia, fraudes e eventos adversos são responsáveis pelo prejuízo, mostra estudo do IESS.
São necessários mais recursos ou melhorar a gestão? A tão famosa e repetida pergunta no setor da saúde, quando aplicada aos Estados Unidos, parece ter uma resposta clara: a segunda alternativa. Pelo menos é isso que aponta o estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que indica um desperdício entre US$ 543 bilhões e US$ 815 bilhões por ano no país. Os valores representam de 20% a 30% do total aportado no setor ou de 3,6% a 4,5% dos Produto Interno Bruto (PIB) americano.
O Saúde Web teve acesso exclusivo ao estudo denominado “Fontes de desperdício de recursos no sistema de saúde americano”, que mostra que os grandes vilões do desperdício americano são: as falhas assistenciais, de coordenação e de precificação, uso desnecessário, complexidade administrativa e práticas fraudulentas e abusivas.
“Nos Estados Unidos, o FBI tem uma equipe permanente no Ministério da Saúde, e mesmo assim há 80 bilhões de dólares de perda das fraudes”, comenta o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro. No Brasil, de acordo com o estudo, a Controladoria Geral da União (CGU) detectou o desvio de aproximadamente R$ 3,1 bilhões do setor da saúde pública entre 2002 e 2012.
Esses são um dos poucos dados nacionais, pois o IESS afirma que no Brasil não há fontes com informações precisas para realizar levantamento parecido. Mesmo assim, com base na pesquisa americana, é possível fazer a relação com o mercado brasileiro em alguns pontos. Um dos que chamam atenção é a questão da precificação das Órteses Próteses e Materiais Especiais (OPMEs), Carneiro explica que deveria ter um constante monitoramento dos preços, pois na ausência de uma concorrência perfeita, o que há é assimetria da informação e variação de preço abusiva que onera, sobretudo, as operadoras de saúde.
As falhas assistenciais também contribuem para o desperdício no setor americano. Erros durante cirurgias, prescrição e administração incorreta de remédios e falhas na higiene hospitalar acarretam um gasto desnecessário de algo entre US$ 17 bilhões e US$ 28 bilhões por ano. Além dos recursos que poderiam ser aplicados de forma mais produtiva, eles prejudicam a saúde dos pacientes, podendo acarretar, por exemplo, em infecções hospitalares e aumento da resistência de vírus e bactérias a determinados tratamentos. Falhas que poderiam ser, ao menos, minimizadas com a adoção de protocolos clínicos mais rígidos.
Segundo o estudo, no Brasil estima-se que a incidência de eventos adversos preveníeis (EAPs) é de 5%, porém ele diz não ter literatura o suficiente para apresentar os impactos financeios das falhas de assistência. Veja estudo na íntegra em: www.iess.org.br
Fonte: site www.saudeweb.com.br