Aumento da incidência de câncer no mundo é ‘alarmante’, diz OMS

Foram 14 milhões de casos em 2012, liderados pelo câncer de pulmão. No Brasil, pele é principal órgão afetado

Às vésperas do Dia Mundial do Câncer, um estudo da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), revela que a doença está crescendo em um ritmo considerado alarmante em todo o mundo. Em 2012, os casos registrados chegaram a 14 milhões por ano, número que deve alcançar 22 milhões por ano nas próximas duas décadas. O número de mortes no mesmo período deve subir de 8,2 milhões para 13 milhões.

Globalmente, os tipos de câncer mais comum registrados em 2012 foram os de pulmão (1,8 milhão de casos, 13% do total), mama (1,7 milhão, 11,9%) e intestino grosso (1,4 milhão, 9,7%). As tipos de câncer que mais causaram mortes também foram o de pulmão (1,6 milhão, 19,4% dos falecimentos), fígado (0,8 milhão, 9,1%) e estômago (0,7 milhão, 8,8%).

Segundo o mesmo estudo, os países em desenvolvimento são desproporcionalmente afetados pelo crescimento da doença: mais de 60% dos casos ocorrem na África, Ásia e Américas do Sul e Central, além de cerca de 70% das mortes. A situação deve piorar devido ao envelhecimento da população nestes países, além do baixo acesso à prevenção, detecção precoce e tratamentos.

Para a IARC, a mortalidade nestes países poderia ser evitada com o aumento do acesso à tratamentos, inclusive nos casos de câncer infantil. No entanto, os custos crescentes podem ser um problema: a agência calcula que, em 2010, o custo anual de tratamento da doença no mundo alcançou US$ 1,16 trilhões.

Mas, e o Brasil?
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que a ocorrência será de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer em 2014. O câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil).

Sem considerar os casos de câncer de pele não melanoma, estimam-se 204 mil casos novos para o sexo masculino e 191 mil para o feminino. Em homens, os tipos mais incidentes serão, pela ordem, os de próstata, pulmão, cólon e reto, estômago e cavidade oral; e, nas mulheres, os de mama, cólon e reto, colo do útero, pulmão e glândula tireoide.

O risco de câncer variam bastante entre as regiões do País, pois as condições de saúde e do ambiente bem como hábitos e atitudes variam de acordo com a área geográfica. Apesar de o câncer de próstata ser o mais incidente entre os homens em todas as regiões e estados brasileiros, o risco varia desde 20,96 (para cada 100 mil), no Amapá, a 108,38, no Rio de Janeiro. No País, a taxa bruta calculada é 70,42

O câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente entre as brasileiras com um risco estimado de 15 por 100 mil (excetuando-se pele não melanoma), mas figura na Região Norte como o primeiro (taxa bruta de 23,57) e como o quinto no Sul (15,87 casos a cada 100 mil mulheres).

Veja mais detalhes por região:

Região Norte

Homens nº de casos  esperados taxa bruta
Próstata 2.480 30,16
Estômago 900 11,10
Pulmão 620 7,69
Cólon e reto 360 4,48
Leucemias 290 3,57
Mulheres nº de casos  esperados taxa bruta
Colo do útero 1.890 23,57
Mama 1.720 21,29
Estômago 470 5,91
Cólon e reto 430 5,30
Pulmão 400 5,11

Região Nordeste

Homens nº de casos  esperados taxa bruta
Próstata 12.930 47,46
Estômago 2.790 10,25
Pulmão 2.450 9,01
Boca 1.960 7,16
Cólon e reto 1.680 6,19
Mulheres nº de casos  esperados taxa bruta
Mama 10.490 36,74
Colo do útero 5.370 18,79
Cólon e reto 2.220 7,81
Pulmão 1.830 6,40
Estômago 1.820 6,39

Região Centro-Oeste

Homens nº de casos  esperados taxa bruta
Próstata 4.580 62,55
Pulmão 1.030 14,03
Cólon e reto 890 12,22
Estômago 790 10,88
Boca 590 8,71
Mulheres nº de casos  esperados taxa bruta
Mama 3.800 51,30
Colo do útero 1.640 22,19
Cólon e reto 1.100 14,82
Pulmão 630 8,49
Ovário 510 6,96

Região Sudeste

Homens nº de casos  esperados taxa bruta
Próstata 35.980 88,06
Cólon e reto 9.270 22,67
Pulmão 7.580 18,51
Boca 6.320 15,48
Estômago 6.130 14,99
Mulheres nº de casos  esperados taxa bruta
Mama 30.740 71,18
Cólon e reto 10.590 24,56
Pulmão 4.960 11,48
Colo do Útero 4.370 10,15
Glândula tireoide 3.410 7,89

Região Sul

Homens nº de casos  esperados taxa bruta
Próstata 12.830 91,24
Pulmão 4.720 33,62
Cólon e reto 2.870 20,43
Estômago 2.260 16,07
Esôfago 2.250 15,97
Mulheres nº de casos  esperados taxa bruta
Mama 10.370 70,98
Cólon e reto 3.190 21,85
Pulmão 3.110 21,35
Glândula tireoide 2.360 16,15
Colo do Útero 2.320 15,87

Fonte das tabelas: Inca
Mais informações em www.inca.gov.br