Estudo do IESS com autogestora mostra custos 3 vezes superiores à inflação. Materiais e medicamentos responderam por 57% dos gastos
Materiais e medicamentos são os principais responsáveis pelo aumento dos custos de planos de saúde, aponta um estudo inédito realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e divulgado esta semana. Segundo o relatório “A importância de Materiais e Medicamentos nos gastos médicos”, estes itens corresponderam a 57,7% das despesas hospitalares, durante 2012, de uma autogestão selecionada.
O IESS admite que os números não podem ser considerados uma média do mercado, mas defendem que se trata de indicativo do comportamento de expansão de custos. É necessário, dizem os especialistas do instituto, debater os métodos de remuneração de prestadores de serviço de saúde no Brasil.
De acordo com o estudo do IESS, apesar de o total de beneficiários da operadora analisada ter recuado 10,2% entre 2007 e 2012, a utilização de serviços de saúde cresceu 4,6% e o gasto assistencial total subiu de R$ 180,7 milhões para R$ 359,6 milhões. Avanço nominal (sem considerar a inflação) de 99% – enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, avançou 31,9% no mesmo período.
Dos R$ 359,6 milhões gastos com assistência aos beneficiários da autogestão em 2012, maior parte se destina aos gastos hospitalares: em 2007, foram R$ 140,9 milhões para essa função; em 2012, o montante avançou para R$ 241,2 milhões, um incremento real de 71,2%. Entre os gastos hospitalares, materiais e medicamentos são os principais responsáveis por esse aumento. Enquanto os valores destinados aos medicamentos subiram 59,9% no período analisado, saltando de R$ 28,7 milhões para R$ 46 milhões, os gastos com materiais avançaram 120,4%, de R$ 42,2 milhões para R$ 93,1 milhões.
Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS, boa parte da elevação também está relacionada à incorporação de novas tecnologias, muitas vezes de forma indiscriminada e sem medições de eficácia, segurança ou qualidade. “É preciso ter claro que custos mais elevados gerados por novas tecnologias não são sinônimo de mais eficiência”, diz.
O estudo aponta, ainda, que, entre 2007 e 2012, a utilização de procedimentos ambulatoriais, tanto clínicos quanto cirúrgicos, cresceu 29%. Ao mesmo tempo, foram realizados 74,5% mais exames e 21% mais consultas, alcançando o total de 25,3 exames por beneficiário ou 4,1 exames por consulta médica em 2012. Em 2007, o número de exames por consulta era de 2,9.
A perspectiva é que nos próximos anos, com o envelhecimento populacional e a contínua incorporação de novas tecnologias, os custos associados a materiais, medicamentos, internações e à assistência à saúde, de forma geral, continuem a avançar significativamente. Para Carneiro, é preciso reavaliar o modelo adotado para alcançar a sustentabilidade do setor de saúde suplementar.
Fonte: www.saudeweb.com.br