Hospitais se preparam para receber recurso estrangeiro

Hospitais privados do país têm tomado medidas para profissionalizar seus negócios e torná-los mais atrativos a investidores estrangeiros.

Entre as iniciativas estão mudanças de gestão, busca por certificação internacional, auditoria externa e estímulo a políticas de compliance.

O setor passa hoje por um processo de consolidação semelhante ao vivido pelo mercado de educação nos últimos anos, afirmam analistas.

“Muitos hospitais, principalmente os pequenos e médios, estão se estruturando. É claro que a possibilidade de aportes vindos do exterior tem um peso grande nesse movimento”, diz Thiago Sandim, sócio do Demarest.

A entrada de capital estrangeiro em hospitais foi liberada em janeiro de 2015.

A consolidação do setor só não ocorreu na velocidade esperada pois a abertura veio em um momento de desaceleração da economia, analisa Marcos Boscolo, sócio da KPMG.

Além disso, entraves como gestões pouco profissionalizadas e fragilidade de contratos trabalhistas têm dificultado negociações, afirma Francisco Balestrin, presidente da Anahp, associação que reúne hospitais privados.

São essas barreiras que as empresas do setor hoje buscam resolver. “Grande parte dos hospitais ainda não tem estrutura de governança nem auditoria, mas o interesse em fazer mudanças internas tem crescido muito”, diz Boscolo.

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Casa arrumada

Para se adequar a padrões internacionais de gestão, o grupo de hospitais Meridional, do Espírito Santo, passa por uma reestruturação de sua governança, afirma Antonio Benjamin Neto, diretor-presidente da empresa.

“Para os investidores estrangeiros, é importante mostrar que há disposição de mudar a cultura da companhia.”

A principal medida em curso é uma reforma societária, na qual os seis maiores acionistas formam uma empresa, que passará a deter 80% do grupo. “É importante definir o controle acionário do grupo, passa mais segurança.”

O hospital está em negociação para a entrada de um investidor internacional -operação “com grande chance de ser concluída ainda neste ano”, diz ele, que não revela detalhes.

R$ 205 milhões
faturou a Meridional no ano passado; em 2016 a receita esperada é de R$ 260 milhões

5 hospitais
com um total de 460 leitos compõem o grupo.

Fonte: www.folha.com.br

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial. Escreve diariamente,exceto aos sábados.