Todo mundo fala isso, é simples de entender, mas não tão fácil de executar.
Mas, por quê isso acontece? O motivo é até simples. Se pararmos para refletir, muitas vezes existirão dúvidas se o papel que ocupamos em uma organização é o que potencializa o que temos de melhor, portanto o melhor lugar onde poderíamos estar para trazer os melhores resultados.
Vou dar um exemplo: Você sempre foi o melhor vendedor da equipe. Metas batidas, superadas, clientes satisfeitos, pipeline promissor e a gerência sempre pode contar com o seu resultado para forecast. O vendedor ideal! Focado em trazer resultados em curto prazo, sem perder o foco.
O resultado disso é uma promoção. Você foi promovido a gerente e agora irá liderar 3 pessoas que eram seus colegas, e que têm o papel de fazer exatamente o que você fazia de melhor.
Automaticamente você começa a passar para sua equipe experiências de sucesso que fizeram com que você se tornasse o melhor vendedor da empresa. Todos ouvem com atenção, afinal, todos querem ser como você. Você é a referência do melhor vendedor que uma empresa poderia ter.
Então, chega o primeiro fechamento do mês. O vendedor “A” chega perto da meta, o vendedor “B” trás somente 50% do resultado e o vendedor “C” nem sabia que hoje era o fechamento.
Você, que agora é gerente, mas que usa toda a sua experiência de vendedor, coloca todo mundo dentro de uma sala e começa a distribuir culpas e culpados. Diz que se fosse você o vendedor, o resultado nunca seria esse (e com certeza não seria). Que eles não sabiam o que estavam fazendo lá, que não passavam de vendedores medíocres e que seria inevitável demitir alguém, pois a pressão da diretoria seria grande em cima dele.
Resultado: a equipe sai da sala derrotada e insegura e o gerente procurando a pessoa certa para demitir e mostrar que ali não era lugar de brincadeira.
Vamos analisar os fatos e tentar entender, como em um jogo dos sete erros, o que deveria ser feito diferente ou o que aconteceu nesse exemplo tão comum à muitos que estão lendo esse artigo.
1 – O Ex melhor vendedor da empresa assumiu a equipe porque era o melhor vendedor ou porque estava preparado para assumir uma gerência e liderar pessoas?
2 – Uma vez que o ex melhor vendedor da equipe torna-se gerente, ele se preocupa ou é orientado a mudar seu olhar individual focado em seu resultado para um olhar individual focado nas pessoas de sua equipe para que o resultado seja consequência?
3 – A equipe do ex melhor vendedor tinha o plano de ação claro para atingimento do resultado? Estavam todos na mesma página com seus papéis individuais definidos?
4 – A equipe enxerga e respeita o ex melhor vendedor da empresa como líder ou segue ordens de um chefe? Afinal, não necessariamente porque ele era o melhor vendedor, será um bom gerente. As capacidades de cada função são bem diferentes.
5 – A Diretoria dessa empresa capacitou, treinou e entendeu que o ex melhor vendedor seria a pessoa certa para assumir o cargo de gerente ou também entender que como ele é o melhor vendedor seria automaticamente o melhor gerente? Cuidado! O resultado da empresa a curto prazo pode estar comprometido, afinal, o melhor vendedor não atua mais diretamente.
6 – O Gerente entende que pessoas são diferentes e que tratar diferentes como iguais faz com que a equipe perca a força individual e complementar do time?
7 – Alguém perguntou para o ex melhor vendedor da empresa se ele se sente confortável e está, como gerente, no melhor lugar que poderia estar na organização, respeitando suas habilidades, diferenciais e preferências?
Entender qual a melhor posição para cada um dos colaboradores de uma empresa passa por um grande processo de auto conhecimento, além da capacidade da diretoria em reconhecer talentos e alocar pessoas respeitando e aproveitando o que elas já tem de melhor.
Não que competências não possam ser desenvolvidas. Mas acredito que pessoas possuem talentos e capacidades que já são o que tem de melhor naturalmente. E porque não aproveitar isso de maneira inteligente em uma corporação?
Uma vez que isso é feito, é como um sistema chave-fechadura. A pessoa se sente perfeita onde está e a empresa entende que consegue tirar dela o que ela tem de melhor. Encaixe perfeito.
Brinque de jogo dos sete erros em sua empresa, nem que seja somente em sua cabeça. Você pode se surpreender com o que pessoas certas nos lugares corretos são capazes de fazer em uma organização.
Por Karla Lemes, master coach erickssoniana formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching
Fonte: www.healthers.com.br RH/Artigos