Uma técnica em teste no Incor (Instituto do Coração do HC de São Paulo) pode evitar a morte do músculo cardíaco, em caso de infarto, mais rápido que a cirurgia. Uma injeção de microbolhas contendo gás desobstrui vasos do coração em minutos.
O cardiologista Wilson Mathias Junior, diretor do Serviço de Ecocardiograma do Incor e responsável pela pesquisa, explica que as bolhas rompem o coágulo de sangue que impede a chegada de oxigênio ao coração, evitando o dano ao músculo.
Até agora, 16 pacientes participaram do estudo. Só metade deles recebeu o tratamento. O objetivo é verificar a diferença que as microbolhas fariam na
terapia convencional (medicamentos e cateterismo). Espera-se que até 2016 dados de cem emergências sejam coletados.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) prevê R$ 1 milhão no total para o estudo.
No infarto, diz Mathias, a ausência de oxigênio causa necrose no músculo cardíaco, que perde sua capacidade de contração. Quanto maior a extensão dessa necrose, maiores os danos (se mais da metade do coração necrosar, pode haver morte). As bolhas, assim, podem impedir essa necrose –e mais rapidamente que a cirurgia.
Para isso, cerca de 2 bilhões de bolhas são injetadas na veia do paciente infartado. Elas “viajam” pelo corpo inteiro, mas só vão se romper na altura do peito, sob o efeito de um ultrassom aplicado na máxima intensidade.
“Com o impacto da onda no peito, elas vibram até se romperem”, explica Mathias. “O gás de dentro da bolha vira um microjato que pulveriza o trombo [coágulo].”
Fonte: www.folha.com.br 13/10/2014
MONIQUE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO