A Saúde como opção desenvolvimentista

Quando o sistema de saúde de uma cidade funciona bem, além dos recursos que o próprio sistema gera, a cidade passa a contar com uma força positiva de atração.

As pessoas vêm à procura de assistência em uma determinada especialidade médica, atendimento hospitalar ou centro de saúde. Além de movimentar o próprio setor saúde, estas pessoas vêm trazendo recursos que serão gastos na estrutura comercial da cidade, quer seja na compra de bens ou serviços.

Por outro lado, quando o sistema de saúde municipal não funciona e não se apresenta como referência, além de não receber pessoas de outras localidades, tais municípios passam a exportar pacientes e também recursos financeiros, pois a população elege outra localidade como sua referência em saúde.

Ao fazermos esta citação inicial, queremos inverter a lógica de análise do setor saúde, passando a vê-lo como fonte de desenvolvimento e divisas ao invés de “mal necessário”, “buraco negro do orçamento”, “ralo da saúde”, etc.

A partir desta nova visão é que o sistema municipal de saúde deve ser construído. Alguns profissionais da saúde ainda imaginam que para o setor privado prosperar é preciso falir o sistema público. Na realidade, o que vemos hoje é que muitos dos serviços de maior complexidade são viabilidades através do SUS, independente da característica jurídica da instituição ou sua forma de gestão. No universo dos serviços disponibilizados à população, há uma complementariedade entre os serviços ofertados por entidades públicas e privadas, constituindo-se esta sinergia e complementariedade na força de atração de clientes.

Muitos dos gestores municipais receberam o encargo de administrar cidades com muitos problemas, mas há também muitas oportunidades. E é assim que vemos a saúde: como oportunidade.

Desafios para os Municípios

  • Criar condições para que as pessoas vivam bem e saudáveis;
  • Atrair pessoas de outras localidades, fazendo prosperar o comércio local e a arrecadação;
  • Apoiar projetos da área da saúde, oriundos do setor estatal, filantrópico ou privado lucrativo;
  • Viabilizar a implantação de novos serviços ou especialidade, captando recursos públicos;
  • Construir indicadores diferenciados de saúde e bem estar, atraindo assim investimentos privados para outras áreas de atuação;
  • Incentivar o ensino e a pesquisa.

 

O gestor não deve perder a capacidade de sonhar, ter uma visa clara de futuro, ser proativo, e por, fim traçar e divulgar uma rota para o sucesso.

Estas são atitudes indispensáveis para que o Prefeito e sua Equipe façam por merecer a confiança dos Munícipes. O gestor pode e deve ser a mola propulsora do desenvolvimento da comunidade, pois como já dizia o filósofo grego Arquimedes (287 AC – 212 AC): “ Me deem uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo”.

* Marcus Henrique Wächter é Administrador Hospitalar e Mestre em Saúde Pública.

** Este artigo foi publicado originalmente na Revista Notícias Hospitalares de fevereiro de 2001.